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Era pra ser só mais uma despedida

Demos início à aula com práticas já realizadas anteriormente como o aquecimento - viagem à montanha -, o exercício do olhar, a caminhada cômica e entradas e saídas. Posteriormente, vieram novas propostas como explorar diferentes formas de sentar, uma competição das danças mais estranhas e “Eu sou o rei”. Na competição, Ana separou-nos em duplas e, ao som de uma música escolhida por ela, tivemos que buscar o grotesco e o exagero em nossos movimentos. É impressionante como o movimento revela, nossa figura revela e tudo parece tão rico e singular.

No exercício “Eu sou o rei”, também agrupados em duplas, deveríamos falar a frase “eu sou o rei” o mais rápido possível ao som da campainha de Ana. O integrante mais ágil seria o mandão da vez e poderia pedir coisas inusitadas à sua dupla. Essa prática acaba revelando inclinações e escolhas no jogo entre dominador e dominado - Branco e Augusto. Alguns ficavam totalmente perdidos na hora de dar ordens, outros pareciam mais confortáveis. O mesmo vale para o lugar de receber ordens - alguns contrariados, outros prontos para atender às demandas. Cada um, à sua maneira, jogava e imprimia toda sua subjetividade. 

Por fim, deveríamos apresentar nossos nomes de palhaço e dizer três coisas que gostávamos mais - e é claro que nem todas essas figuras cômicas estavam interessadas em obedecer as regras. Era engraçado ver alguns perdidos, contando pra ver se haviam chegado a três, enquanto outros saíam falando sem qualquer contenção. Deveríamos ficar atentos e anotar, pois, posteriormente criaríamos uma cena de apresentação dos colegas - com direito à trilha sonora e quaisquer outros elementos que nossa imaginação quisesse.

O que era pra ser só mais uma despedida acabou se tornando um encontro de promessas. A aula de encerramento, na verdade representou uma porta aberta para um canal no youtube, onde publicaremos vídeos individuais e coletivos, exercitando a palhaçada. Nos minutos finais da aula conversamos e cada um pôde expressar sua percepção sobre os encontros e sobre as práticas via remota. Deixo abaixo alguns depoimentos dos integrantes da turma:





“Acredito que a disciplina seja extremamente transformadora, agregando muito tanto pro próprio clown, quanto pra vida pessoal, quanto para as outras formas de atuação. Fizemos tudo que foi possível remotamente e nos divertimos bastante.” 

Gabriel (Mimim Duim)


“A disciplina pra mim representa a ruptura para um universo constantemente reformulado, reinventado. É um lugar de experimentação do ser bobo, ser torto, ser diferente, ser único. Mas ser em comunhão. Ser pro outro, pelo outro e também ser outro. Ser um outro ser não submetido pelas expectativas alheias. Liberdade! :)” 

Hudson (Testônio da Testosterona)


“Noite feliz de segunda. Reunião de amigos (e novos amigos) abertos para o jogo. Aprendizado, aceitação das próprias diferenças. Desafio para cabeça cabeçuda (que muito pondera e procura agir com cautela). Encontro com a simplicidade, a beleza de ser um humano aprendiz de clown.”

Mateus (Magrilindo)


“Estava muito ansiosa pela disciplina nos moldes presenciais e quando vi que teria em formato remoto, senti um mix de felicidade com dúvida de que daria certo. E deu! Para mim foi uma honra poder nascer em clown e quero muito poder continuar conhecendo e explorando esse universo.” 

Mandy (Chicabell ComdoisL)


“Fiquei muito em dúvida de como seria essa disciplina no modo remoto, mas, como estava muito ansioso pra fazer, resolvi experimentar. E realmente acabou dando certo! Conseguimos aprender algumas noções do palhaço e desenvolver em nós mesmos as fisicalidades e olhares do clown. Apesar de haver limitações quando estamos fazendo uma aula prática de frente à uma câmera e no nosso quarto, foi bastante proveitoso dividir esses momentos de nascimento do nosso palhaço com toda a turma.” 

Antônio (Xampúsquio)

Sempre tive muito interesse em saber como seria fazer essa disciplina, pois ao mesmo tempo também sentia muita insegurança em relação ao nascimento do meu clown (e até mesmo no começo da disciplina ficava pensando se teria a chance do nascimento não acontecer). Foi uma disciplina repleta de desafios, muitos deles devido à tela nos separando, mas a maioria pessoais, como a superação da insegurança, conhecimento próprio e o maior de todos que foi o de deixar de pensar tanto com a cabeça e passar a pensar mais com o coração. Foi uma experiência de conexão com o outro e comigo mesma que abriu portas para uma jornada de buscas interiores e exteriores nesse mundo tão leve que é o clown.” 

Lis (Abrabinha Pintosa)


Boa noite!

Gostaria de estar inspirada para escrever sobre os encontros de segunda feira.

“No início fiquei incrédula, pois como fazer iniciação de forma remota? Aos poucos fui me lançando ao trabalho generoso de um aprender infinito e fui relaxando. Descobrindo outras possibilidades em ser Ximia Bóia, remotamente! Esses encontros além de dar suporte, energia, alegria, leveza e força para o trabalho que desenvolvo na UFSM, encantaram me mais e mais.Amei conhecer gente tão bonita, gente de outras gentes, de outros lugares desse nosso Brasil! Gratidão eterna a minha mãe-mestra-clown Ana Wuo pela oportunidade de aprender um pouco mais contigo e por me transformar em madrinha-clown desses lindos.

Aproveito para desculpar minhas ausências nesses últimos dias. Desejo que um dia o encontro presencial seja possível. Um ótimo final de ano para todos nós, com muita palhaçaria! Gratidão por tudo 😍😍”

Lúcia (Ximia Bóia)