Páginas

Brincando de Viver

Quando cheguei à sala quatro, Edufina e o Pixoxó tocavam suas flautas doces, Saciloco dedilhava seu violão de sete cordas, fui carinhosamente recebido pela Daniele que me deu a notícia – A Ana não pode vir por motivo de saúde, ela pediu que ensaiasse os esquetes, fizesse uma apresentação e depois um comentário sobre o que foi realizado, fiquei com vontade de perguntar qual era o problema de saúde, mas não ia adiantar nada, afinal só sou palhaço e não doutor...
Cumprimentei a moçada e cada um procurou seu parceiro, aí percebemos que alguns colegas faltaram, o jeito foi improvisar as duplas, palhaço é assim, improvisa tudo até colega de cena.
A primeira dupla a se apresentar foi o Ocêtaí e a Daniele com o esquete “O namoro” realmente transparecia que ele queria namorar, com seu jeito, hora acanhado, hora assanhado fez e refez o galanteio várias vezes, ao mesmo tempo em que ela se desfazia das artimanhas do cavalheiro, que sem sucesso tentava seduzi-la, mas, como sempre no final o mocinho ficou com a mocinha e aparentemente viveram felizes para sempre.
A próxima dupla, Edufina e Pixoxó, fizeram um “Duelo musical” de dar diabete em todos que assistiam, as flautas doces esbanjaram melodias melódicas pela sala, o duelo aconteceu em Sol, Lá, Ré médio, até que os duelantes a concluíram que a melodia ficaria melhor se tocassem as duas flautas juntas e foi isso que pudemos ouvir ao final, foi tão lindo que esqueci o nome da música, lembro só do finalzinho, terminava assim – Fiu fiu fui fiu fuim...
Agora era a vez do número mais perigoso da tarde... “As bailarinas equilibristas” Baguida e Fofoleta fizeram uma entrada triunfal e tiraram, não sei de onde, um cadarço de sapato, estenderam-no sobre o chão e delicadamente Baguida iniciou o tão perigoso número de equilíbrio, Fofoleta olhando para baixo não saia do lugar, foi quando Baguida perguntou – Vem! Fofoleta aponta para o cadarço mostrando um nó em seu caminho, Baguida volta de onde havia saído e vai em direção a sua colega, delicadamente pega o cadarço, se dirige a Pixoxó fazendo-o soprar o nó e num passe de mágica, o nó desaparece, ela deixa transparecer que além de equilibrista é mágica também, terminado com o problema Baguida volta estica o cadarço no chão e depois de muito esforço técnica e habilidade as duas chegam às extremidades opostas de onde saíram, recebendo o aplauso caloroso da platéia.
Estava chegando ao final das apresentações e na a vez do Gaguelho e Saciloco com o esquete “Solo de violão” Gaguelho entra em cena com o violãozinho do amigo Ocêtaí que gentilmente emprestou tão valioso, maravilhoso, saboros... ops! Grandioso instrumento de pequenas cordas, Saciloco entrou com seu violão sete cordas e sentou na cadeira atrás de Gaguelho que com um ah! Iniciou o concerto, ou melhor, o solo de violão com Brasileirinho, a habilidade de Gaguelho em tão pequeno instrumento mostra técnica desenvolvida por ele, anos de pesquisa e estudo das cordas vibrantes do pequeno violão foi mostrado ali, em determinado momento as mãos ágeis trocavam de lugar, explorando até o último centímetro do braço do violãozinho, tinha hora que trocava de música e Gaguelho discretamente dava um chute para traz e o Brasileirinho voltava novamente, ao final emocionado Gaguelho recebe o aplauso da platéia e sai tocando para a coxia deixando ver que Saciloco com o seu violão de sete cordas é que tocava.
Parecia que havia acabado as apresentações, quando recebemos um bis da Edufina e do Saciloco com o esquete musical “Nega do cabelo duro”.
Enfim foi uma tarde agradável onde palhaços e gente se misturaram mostrando que o mais importante é, viver... Brincando de viver.

Eliseu Pereira (Clown Gaguelho) 17/09/2010;
Imagem: Arquivo AM044.